O poder da sabedoria originária

Pode parecer estranho, engraçado até, que alguns de nós, que somos urbanos e não indígenas, tenhamos o hábito de fumar cachimbo e tocar tambor.

Lembro de entrar a primeira vez em um temazcal e achar ridículo aquele bando de brancos cantando musicas em uma língua desconhecida, dentro de uma tenda super aquecida.

Mas ainda assim algo em mim se reconheceu ali. E anos mais tarde, quando fiz minha primeira busca de visão, compreendi que essas tradições me eram muito mais verdadeiras do que as que eu tinha conhecido até então.

Aprendi a cultuar filósofos e artistas europeus e norte-americanos, achando que eles me representavam. Depois compreendi o valor dos pensadores daqui, mas ainda assim o discurso deles não falava com meu coração. Eu apenas repetia palavras que não eram minhas.

Foi em frente à uma fogueira, cantando, consagrando medicinas, ou mesmo no calor do temazcal, que eu pude escutar de verdade meu coração. E assim, conversando com a natureza de fora, pude entender a natureza de dentro e perceber que nada pode ser mais real do que as tradições desses nossos ancestrais.

Porque sendo branco, negro, pardo, oriental, não importa. Os povos originários fazem parte de todos nós . E o que eles trazem é muito mais real do que aquele livro clássico que cultuamos, porque foi reconhecido como obra prima mundialmente.